- Área: 5 m²
- Ano: 2012
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Fotografias:Vincent Fillon
Descrição enviada pela equipe de projeto. Contexto
Desde que o anel rodoviário Périphérique fora coberto (uma decisão tomada em 2000), a ambição de autoridades locais e moradores tem sido de tornar a Zona de Desenvolvimento Conjunto da Porte de Lilas não apenas outro limite de Paris, mas um atrativo centro no leste da cidade. A parte aberta do Périphérique e as perturbações que isso causa foi substituída por uma nova e movimentada vizinhança que recebeu uma série de habitações, atividades e parques.
A Porte de Lilas aparece agora como um exemplo para o desenvolvimento da Metrópole de Paris.
O Cinéma Étoile, projetado pelo escritório de arquitetura Hardel & Le Bihan, é o toque final das transformações do lugar e responde à escassez de cinemas no leste de Paris.
Localizado na Place du Maquis do Vercors, há poucos passos da Rue de Belleville e da Avenue Gambetta, ele funciona como uma elemento central para o bairro, ecoando um contexto urbano profundamente polarizado. Em conjunto com o Cirque Electrique e o Jardin Serge-Gainsbourg, este cinema é uma participante ativo na renovação do XXº arrondissement (distrito) de Paris.
Dois grandes desafios emergem do programa:
- um desafio urbano, que diz respeito à integração cultural no contexto da periferia de Paris;
- um desafio funcional, ligado à articulação das sete telas de cinema com os fluxos que visitantes que chegam e partem, em relação à quadra onde está localizado.
O Desafio Urbano
O plano de desenvolvimento da SEMAVIP busca melhorar as conexões entre Paris e suas periferias, e reforçar a vizinhança de Porte de Lilas.
É por este motivo que Étoile Lillas é projetado como um cinema urbano: verticalmente, em relação física e visual com seu contexto. O edifício foi dividido em dois volumes (cinema e lojas). O espaço público da quadra é, desta forma, voltada para ambos os usos, facilitando a passagem entre um e outro.
Ao norte, o volume alto e compacto abriga as salas de projeções, uma sobre as outras; seu volume é uma extensão da via Paris-Subúrbios.
Ao sul, o volume mais baixo que se volta para o Pavillon de Cirque abriga as lojas. Estes dois volumes delineiam a quadra, que define suas relações com o solo.
Um grande terraço destinado à arte do cinema paira sobre o volume que acomoda as lojas.
Enquanto o cinema é dividido pelo eixo norte-sul, as quatro fachadas são uniformes. Visualmente, não há nenhum ângulo que enquadre o edifício em uma luz diferente. As fachadas se abrem, revelando o lado de Paris assim como o lado de Lilas, na Avenue du Docteur Gley, que apresenta uma vista sem obstruções.
O Desafio Funcional
Os dois programas são claramente identificáveis no terreno:
- o cinema se coloca oposto à Place du Marquis du Vercors e ao futuro jardim, ao longo da Rue de Paris. Suas dimensões são definidas pelas regulamentações de construção locais.
- as lojas adjacentes ao cinema se localizam no lado do Circo. A área de compras foi projetada para receber dois restaurantes.
De acordo com a programa pedido, o cinema apresenta sete salas e 1499 lugares. As salas 5, 6 e 7 estão na cobertura do volume das lojas. A sala 3 está enterrada no hall de entrada. As salas 1, 2 e 4 se encontram sobrepostas no hall, dando ao edifício uma qualidade monumental.
Sobrepondo Salas de Cinema
O hall de entrada, no térreo, proporciona uma extensão da praça de dentro do edifício para a Avenue du Docteur Gley. As três salas de projeções estão suspensas sobre este espaço, empilhadas para aumentar a capacidade, liberando o espaço para a passagem e permanência dos visitantes.
O sistema de distribuição envolve os volumes das salas de projeções, orquestrando suas fachadas opacas. A riqueza das aberturas e passagens é enfatizada para criar múltiplas possibilidades de entradas e saídas.
Estes caminhos através dos volumes correspondem a muitas vistas panorâmicas para a praça, para o bairro ou para a cidade, para cima e para baixo, perto ou distante.
O hall de entrada é acessado pela praça, a oeste. A fachada sul apresenta uma vista para o Cirque, para o Périphérique e para a Porte de Bagnolet. O lado leste se volta para Les Lilas e para a Rue du Docteur Gley. O Jardin Serge Gainsbourg e Saint-Denis são visíveis da fachada norte. Nos espaços de entrada para as salas de projeção e nas saídas, a cidade é um pano de fundo.
Movimento de Visitantes
O edifício do cinema é projetado em torno do empilhamento estrutural e funcional das salas de projeção que estão envoltas por uma estrutura em concreto preto. Os movimentos de visitantes antes e depois dos filmes são tratados diferentemente:
- três escadas rolantes sobrepostas, envoltas em vidro, proporcionam acesso para as salas, em uma extensão do hall;
- as escadas da saída das salsa de projeção que levam à rua do bairro e a Avenue du Docteur Gley estão ao ar livre, apesar de protegidas.
Abrindo caminho para as áreas de espera antes das salas, partindo após os filmes, o fluxo de visitantes se torna um elemento de projeto, da mesma forma que os movimentos dos usuários do metrô e dos ônibus, ou veículos do anel Périphérique.
O complexo do cinema oferece, deste modo, muitas vistas para pedestres, dialogando com seus entornos imediatos (a praça, o anel Périphérique, o jardim na cobertura) e com paisagens mais distantes (Saint-Denis e os vales de Seine-et-Marne)
Terraço
O cinema se estende em direção a um terraço aberto que está acima do edifício de lojas. Ele é administrado pelo cinema e possui capacidade para 400 pessoas.
Com uma área de 700 m², coberto e aquecido no inverno, o terraço proporciona vistas panorâmicas para a vizinhança.
O terraço está conectado com o hall de entrada por duas escadarias e com as salas de projeção 1 e 2. Ele é uma estrutura mineral que abriga um jardim de plantas em vasos, refletindo o jardim na cobertura, porém com uma configuração espacial que muda de acordo com seu uso: festas, coqueteis, projeções ao ar livre, eventos, festivais de filmes, etc.
Este jardim lúdico e labiríntico define os espaços e micro-espaços que podem ser apropriados.